sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Insanidade

Há tempos me perdi!
Não consigo encontrar-me
Na chuva deliquente que caí lá fora,
Nem no improvável
Mar ostentoso que corrobora.

Vôo entre pétalas de um velho lírio
Conjuturado de páginas
De meu livro não lido.

Submerso nas minhas
Lágrimas conspurcadas,
Permaneço na sarjeta do crepúsculo,
Esperando o brilho eterno
De um alvedrio duradouro.

Nas entranhas
Da minha imémore alma,
Deturpo a soberania popular
Acorrentada pelos deslumbrados.

Espelhos e imagens
São a contradição
De uma realidade desfigurada,
Aluindo a cobiça
E a agiotagem de pseudocapitalistas.

Perdido nos pensamentos levianos,
Desvelo a agnosia
Dos elitistas blasfemadores,
Que almeja somente os desníveis sociais.

Deixe-me fingir
Na hora rir,
Das benevolências irreais
Dos seres humanos
Desleais.

Pablo Silva

Devaneio Arraigado

Quando a vejo
Veraneio na ventura
Para buscar na dor o amor.

Quando a tenho,
Meus vistosos lábios
Prevêem agradáveis
Poesias utópicas.

Em devaneios,
Deliro na petulância
De um sentimento de outono.

É bela como a lua fulgurante,
Que entre brisas e pétalas
Voam também as patativas
Anunciando o cortejo do anjo d’álvorada.

A morte já não é o
Caminho para o sublime.
Pois quando a tenho
Em meus braços,
Morrerei sorrindo
No jardim desvairado.

Pablo Silva

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dúbia Aflição

O esdrúxulo vertiginoso contamina
Meu límpido céu de nojo.
Os ruídos de cordas elétricas
Ecoam pelos corredores escuros,
Abafando o grito rouquenho de silêncio perduro.

A melancolia esbravejada caminha
Lado a lado com o tédio e o medo.
As dúvidas em dimensões
Causam os sobressaltos
Que perjuram as ruas despidas.

O céu cinzento abarca os semblantes
Trajados pela constância de calúnias,
E encenações num palco sem platéia.

Ao criticar-me destemidamente
Tornarei um espírito vagante
A procura da etnia simplória,
Para fazer dela minha morada infinda.

Quem mo dera poder peregrinar
Por entre as magnólias imémores,
Madrugar nos martírios voluptuosos,
Poder afugentar-me
Na fantasmagórica imagem
Da ninfeta perfeita.

Entre sinos, acordar.
Entre lençóis, amarrotar-me-ei.

Já não sinto o amargo da nostalgia
Em minha boca.
O néctar dos lírios leva-me a contemplação
Do mundo das borboletas,
Vigorando a lua em uma noite
Residida por estrelas.

Pablo Silva

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fagulha

A paixão deseja veemente sangue aguado e corações arruinados.
A saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago,
E essa escravidão, essa dor não suplico mais!
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe,
Longe do meu acalento.

No meu corpo não há nenhuma
Instância de paz.
Repentinamente meu cérebro
Entra em colapso, pelo efeito alucinante
De um “velho barreiro”.

A fagulha palpita nos meus olhos pardacentos,
E as pétalas aveludadas são levadas
Pela brisa e borboletas psicodélicas.

O céu se esconde debaixo do surrado tapete,
Feito o seu ávido amor estéril.
Que por circunstâncias hostis
Veraneia ao crepúsculo subjacente,
Esperando agradáveis beijos ao luar eqüidistante.

Pablo Silva

Cabresto Repugnante

Mentes vazias no vale das sombras
Perscrutam o som de gotas d’água
Numa gruta sub-húmida inabitada.

Idéias fixas percorrem pelos corredores dementes
Pernoitando a turva alienação
De pseudointelectuais.

Os fantasmas povoam
Os sorrisos falseados
Pela constância quotidiana
Do senso comum.

A auto-sensura tramita
Nos meus pensamentos,
E reflete na acorrentação
De palavras mesquinhas e supérfluas.

Oh mata-me depressa!
Meu corpo não resiste nesta democracia
Coberta por panos conspurcados,
Onde o único grito de iniqüidade
Que se ouve, é do ditador de devaneios.

Pablo Silva

Avidez Morosa

Sentado na rua desabitada
À espera do luar,
Perscruto as estrelas,
Escrevo poesias no céu,
E acondiciono-me nas feições
Desorientadas do meu subconsciente.

Assim, pelos caminhos desleais
Desvelo os dias singelos
Ao derramar de círios esmorecidos
Pelo tempo, e pelo tufão
Que perjura à fúria e o ódio doentio.

Minhas lágrimas não se contêm
Nos meus mareados olhos,
E cai feito chuva delinqüente.

As máscaras estão por aí,
Cobrindo semblantes emblemáticos,
Aluindo a cobiça e
Menosprezando o mar de rosas,
Onde se tornam incessível à contingência.

No cantarolar de prosas poéticas
Repousa o eu – lírico,
Criando no delírio os cenários surreais
Para decontaminação dessa progênie espúria.

Pablo Silva

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Hipocondria efêmera

Quando as pessoas morrem
Elas renascem em forma de brisa
Que perpetua num lago solitário
À beira de uma estrada eqüidistante.

Quando morro, pernoito nas montanhas
Para ter o amor do horizonte, em plena
Freqüência com as flores de ipê e os
Primeiros raios solares, que reacendem
Os fracos batimentos de um coração
Dilacerado pela monotonia.

Aflora dentro da minha ânsia,
A nostálgica magnitude de um amor
Separado por dois rios adormecidos.

Ao acordar no meio da noite
Deparo-me com vultos
Do teu semblante risonho,
E os botões das romãzeiras se abrem
Em meio ao luar
Contemplando o acaso de uma paixão delirante.

Teu perfume em meu travesseiro
Trás a insônia irrelevante,
E faz-me lembrar que não posso
Ter-te em meus braços desabitados,
E isso desperta o demasiado prato inverossímil.

Morrerei com o gosto amargo das mandrágoras,
Pois essa vida boêmia leva-me ao calvário
Desprovido de felicidade.

Pablo B. da Silva

domingo, 14 de junho de 2009

Amei-te

Quando te vejo, o tempo vira estátua,
O crepúsculo estica tua visita nesse mundo medíocre.
As estrelas renascem com seu brilho ofuscante.
A lua avermelhada resplandece
No seu olhar pacato, em direção ao límpido céu.

Amei-te na profunda dor melancólica
Amei-te em segredo com a lua
De encontrar-te somente em sonhos,
No delírio das noites febris.

Esmorecido pelas murchas flores
Pernoito nos lírios dos campos
Para trazer-te um punhado de alvas rosas.

Meus olhos anseiam-te
Feito às estrelas
Cobiçando o apagar dos clarões dos círios.

Amo-te em todas as poesias utópicas.
Amo-te nos dúbios martírios
Nas deleitas incansáveis
Nos delírios de lençóis amarrotados
Pela impaciência de dias comuns.

Pablo B. da Silva

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Precariedades no 8º Distrito Policial

João Paulo, 18 anos curtia uma festa Raive sem nenhuma desconfiança do acaso. Estava a caráter da festa, com óculos escuros, máquina fotográfica digital e mochila de hidratação, todavia uma hidratação nada saudável. Em uma revista rotineira dos seguranças, João Paulo foi surpreendido pela esquadrinha de um segurança hostil. A revista foi concluída com o despreparo emocional, seguida de agressões verbais e físicas.
O folião sentiu de perto o ápice do medo, e a amnésia instantânea causada pelos socos e pontapés, dados por um segurança que não conteve sua raiva. Logo após a perda de memória instantânea, notava que estava amarrado em uma maca toda suja de sangue num ambulatório móvel fornecidos pelos organizadores da festa. Ele não conseguia entender por que estava atrelado feito um ladrão, pois nada tinha feito para merecer aquelas agressões. Quando voltou seu estado normal de consciência, notou-se que todos seus pertences tinham sido roubados juntamente com sua mochila, restava, portanto somente à roupa do corpo, e o gosto amargo de sangue em sua boca inchada.
Após todo o esclarecimento aos enfermeiros locais, o folião procurou uma guarita local para tomar as devidas providências das agressões, porém suas súplicas de desespero não foram ouvidas, e mais uma vez tornou-se claro as imprudências e desrespeitos causados por autoridades.
Depois de passar horas sentando num banco nada confortável da delegacia do setor Pedro Ludovico, João Paulo escuta a frustrante informação que deve aguardar a presença do delegado plantonista do 8º Distrito Policial (DP). Porém, as horas passam vagarosamente, e sua insistência teima em ir até o fim desse processo burocrático. Precisamente passa quatro horas de espera, e nada do tão aguardado delegado plantonista chegar ao local da ocorrência, e a única recepção que o detém é de um senhor humilde, com olhos mareados, e que transmitem a todos a mesma ausência de uma autoridade no local.
O caso acima não é isolado. Muitas pessoas que procuram os órgãos públicos são recebidas com desprezo e despreparo profissional, sujeitando-se a longas horas de espera, e inaptidão de respeitar os direitos perante a constitucionalidade. Torna-se rotineiro as ondas de terror, onde pessoas são subordinadas as agressões seguidas de preconceitos raciais. Tiago Alves de Amorim, morador do setor Pedro Ludovico, informa que “isso é normal se tratando de pessoas de pele negra, ou parda”. Tiago já sofreu os mesmo tipos de espancamento durante uma simples revista policial, porém nada fez para mudar essa triste estatística, pois as ameaças o amedrontam.
O Delegado da 8º DP Everaldo Vogado da Silva informa que há deficiência na policia civil e militar, pois “o órgão de segurança não é perfeita, mas o que a polícia tem procurado fazer é atender a população na medida do possível” declara. Apesar dos grandes números de homicídios e furtos na região, a frota de policiamento torna-se pequena em relação à grande demanda de ligações que a delegacia recebe, e a demora dos atendimentos é inevitável.
Além de toda defasagem de policiamento, instalações precárias e sem nenhuma segurança, o 8º DP já sofreu a segunda fuga de prisioneiros em menos de seis meses, e ainda é submetido a abrigar presos de alta periculosidade, sem qualquer condição de segurança, e de estrutura adequada. Indagado sobre as péssimas circunstâncias em que os presos se encontram, o delegado afirma que “o distrito policial consegue sim, abastecer toda a demanda de crimes na região, o que aconteceu na fuga dos prisioneiros foi mera coincidência, os bandidos aproveitaram uma falha instantânea para fugir do recinto”.
O Delegado Vogado aponta que os principais crimes da redondeza são praticados por menores, na faixa etária de 14 a 21 anos, onde a falta de educação contribui veemente para o crime popular, o famoso furto (furto de pequenos objetos, ou furto em residências), ora para alimentá-los, ora para se drogarem. O delegado afirma que “uns dos principais fatores que levam esses menores a praticarem crimes são a falta de assistência e orientação social, onde acabam por recorrer ao ganho de dinheiro fácil, entrando cada vez mais no mundo da criminalidade”.
Mesmo com toda a demora possível, o folião João Paulo pretende seguir até o fim, e denunciar a agressão que sofreu, pois acredita que não pode deixar a violência correr a solta nesse país caracterizado como democrático. Ele se diz acreditar na justiça brasileira, “mesmo às cegas irei encontrar a luz no final do túnel”.

Por Pablo Batista da Silva

sábado, 2 de maio de 2009

Às vezes eu me distraio.
E involuntariamente e quase que imperceptível,
Pessoas entram e saem da minha vida.
Algumas demoram, outras não...
As raras permanecem em minha singela estante reinventada por mim...
Algumas marcam e outras não.
Anjo, nome similar às coisas boas.
Anjo Lindo
Anjo que protege
Anjo que cuida
Anjo sensível
Os anjos não são comuns, eles se escondem da gente, sonham com as estrelas e glorificam o céu ao iniciar de um belo crepúsculo.
Isolam-se na tristeza, nas dúvidas e nas incertezas do amanhã.
Lutam incansavelmente pela felicidade, sem ao menos perceber que seu exterior a exala.
Derramam Lágrimas por serem tão transparentes comparados a um ser humano.
São identificados pela sensibilidade que os separa dos comuns.
É uma pessoa linda.
É o meu anjo
Meu anjo de ombros que me acolhem
De olhos doces... quase sempre compenetrados em meu sorriso.
Um olhar que quase se nota a sua alma interior, olhar sábio... ora alegres, ora tristes, mas sempre intensos e sinceros.

Por Nívea Melo

Esclarecimento: Ganhei essas maravilhosas palavras de uma pessoa muito especial. Que há tempos se foi, mas se foi com a noite, e que a cada surgir do crepúsculo, renasça também a sintonia de nossas palavras na saudade. Obrigado

Quando a vi...

Dei-me por passos nas ruas desabitadas. Lancei-me nos encontros rotineiros ao luar, até que um dia comum, se tornaria marcante nas minhas lembranças, e eternamente ilusório nos meus sonhos. Seu olhar não trazia o pavoroso espanto, mas sim a formosura de um elementar horizonte deslumbrante, composta por lírios e magnólias, onde seu aveludado timbre mavioso perjurava meu ouvindo durantes as noites, e contigo trazia a insônia irrelevante. Rolava, debruçava, enrolava entre os lençóis que sempre eram amarrotados pela insônia voluptuosa. Sua beleza era exuberante. Ofuscava todas as belezas naturais ao seu redor. Meu olhar sempre te procurava nos corredores vazios, compenetrados nos acentos desocupados, e no jardim florescidos pelas rosas delegadas a ti.
Olhares pacatos, cobertos de sentimentos, meramente anuviado pelo crepúsculo que te norteava para minha direção, mesmo que seja ilusão de uma constante febre ordinária.
Como alguém pode apaixonar-se em um primeiro desencontro?
Gostaria de ter essa controversa resposta, porém, o silêncio mais uma vez entra em cena para tornar-se o centro de todas as atenções, movendo olhares incautos para uma única direção errônea, calando o grito abafado pelos estreitos nebulosos, e pela neblina esbranquiçada de dores e palidez.
Essas palavras nascem em pleno anoitecer de um sábado eqüidistante, onde o delírio torna-se ubiqüidade em meu singelo corpo desgastado por poesias utópicas.
Continua...

Pablo B. da Silva

domingo, 26 de abril de 2009

Anjo d’alvorada

Oh, minha virgem princesa,
Teus lábios trêmulos
Instiga as raízes do meu olhar.
Tuas pálpebras dilatadas
Vislumbra minhas lastimas
De sangue negro
Que escorre
No meu semblante tristonho,
E mancha as pétalas desbotadas das magnólias.

Não aventura neste mar ostentoso,
Pois o acaso sentou-se aqui
E contigo irá saciar minha repugnância
Deturpando meu mero espinho
Levando-te ao insolente mundo dos mortos.

Oh, minha virgem princesa
Levante-te deste horrendo sepulcro
E venha lograr este cálice dos lírios,
Pois teu mundo está passando
Vagarosamente na janela da tua alma.

Tu és meu anjo d’alvorada
Que no mar se deleitava e se esquecia...

Vamos pernoitar no crepúsculo,
Madrugar entre as liras,
Suspirar no matrimônio
O amor inconstante dos nossos lábios.

Num mundo perfeito
Os braços se desentrelaçavam
Em despedidas solenes.

Pablo B. da Silva

Imortal desejo

Pálida, a sombra
De teus lábios
Que invadem
As flores murchas.

Entre os flagelos
Do seu coração, mistura-se
Páginas do diário esquecido...

Nas poesias que foram
Sonhadas, ou meramente
Largadas no ávido
Das grandiosas torrentes
Que invadem teus olhos longínquos.

Esse teu olhar amargurado
Estremece ao meu encontro,
Num triste fim de suspiros abafados.

As flores que desabrocham
Vociferam o nosso sufocado
Amor de estreitos nebulosos.

O sol que desatina,
Lastima o nosso singelo
Destino enegrecido
De vastidões espinhosas.

Levo-te na alma,
E na dor que contigo venço.

Pablo B. da Silva

PERTURBAÇÃO EM MENTES GENIAIS

Henrique Augusto nasceu diferente das outras crianças. Já aos cinco anos apresentava uma inteligência e raciocínio acima da média. Com 15, entrava na Universidade Federal de Goiás, cursando Economia. Sempre com o apoio da família, terminou o curso em tempo recorde e foi contratado por uma empresa multinacional em São Paulo. Logo em seguida foi aprovado em um concurso público e passou a trabalhar no Ministério da Fazenda como economista. Os colegas de trabalho tinham, no mínimo, o dobro da idade dele, e o tratavam como um filho. Esse comportamento não agradava o próprio Henrique, uma vez que ele se sentia (e era) tão capaz quanto qualquer outro ali. Reconhecido internacionalmente como um prodígio, sua fama aumentava juntamente com seu estresse. Sentia-se incompreendido, isolado, uma vez que possuía um talento tão raro.
Terminou o mestrado (também em tempo recorde) e, ao iniciar o doutorado, precisou fazer terapia. Lá foi diagnosticado o transtorno bipolar, distúrbio que causa grandes variações de humor que vão da euforia intensa à depressão profunda. Era freqüentemente chamado de louco e foi incompreendido por muitos que o rodeavam durante toda a sua vida. Durante o tratamento, conversava com uma enfermeira, contando sua história. A mesma afirmava que, se ele com aquela idade era economista do Ministério da Fazenda, ela era esposa do Presidente da República. Mesmo com o apoio constante e com a insistência dos familiares, Henrique passou a recusar os remédios, uma vez que eles limitavam a sua capacidade de criação e raciocínio. Aos 33 anos de idade, com a doença se agravando e com a recusa ao tratamento, Henrique Augusto se suicidou.
O caso acima não é isolado. Muitos cientistas e artistas considerados superdotados e à frente do seu tempo sofreram de vários tipos de transtornos. Exemplos notórios são Mozart e Jaco Pastorius na música, Van Gogh na pintura e Ulisses Guimarães na política. Situações como essas sugerem que existe uma ligação entre a genialidade e perturbações mentais. Vários especialistas realizaram esforços ao longo do século XX, para comprovar essa tese. De acordo com artigo publicado pelo médico e jornalista científico Ulrich Kraft na revista Mente e Cérebro, o que mais avançou nesse sentido foi um estudo realizado na década de 70 na Universidade de Iwoa, EUA, pelo psiquiatra Nancy Andreasen. Andreasen comprovou, através de um trabalho sistemático com 30 escritores da Universidade, que 80% dos pesquisados apresentavam perturbações regulares de humor e que 43% deles possuíam sintomas claros de patologias maníaco-depressivas.
“Ser superdotado é aquela pessoa que tem uma intersecção de três características: criatividade, inteligência acima da média, e o envolvimento com tarefa.”, afirma Débora Diva Alarcon Pires, mestre em Psicologia e coordenadora do Projeto Aprender a Pensar - PAP, instituição filantrópica ligada ao instituto Dom Fernando – instância da Universidade Católica de Goiás. Ela trabalha há 34 anos com crianças e adolescentes superdotados e afirma que o maior problema desses indivíduos é a falta de acompanhamento de profissionais e de familiares. “A idade cronológica delas não coincide com a idade mental. E são pessoais muitas vezes criativas. A maioria (dos superdotados), se não forem bem orientados, realmente se perdem na entrada da juventude, ou na velhice, e passam por distúrbios emocionais, ou seja, acabam por se isolarem.”

O GÊNIO E O LOUCO

Mentes perturbadas passam por um estágio de grandeza intelectual, com constantes variações de humor, e certo gosto amargo pelo isolamento e distanciamento desse mundo. Os mitos são muitos. Nem todo superdotado é designado como gênio, pois existem vários aspectos a serem considerados. Débora afirma que “gênio é uma percentagem muito pequena da população, e costuma-se dizer que já nasce pronto. Já o superdotado nasce com o potencial de desenvolver a sua inteligência, e necessita sim de todo um atendimento, de um acompanhamento, para que ele possa realmente ser um cidadão participativo nessa nossa sociedade”.
Um estudo realizado por Ruth L. Richards em Harvard mostrou que pessoas com distúrbios mentais tendem a ser mais criativas do que as pessoas ditas saudáveis. Esse trabalho reforça a idéia de que, de algum modo, patologias psíquicas estão associadas a um melhor desempenho no que se refere à criatividade, ao pensamento aguçado e à capacidade produtiva. Esse último item, para Débora, é determinante para o agravamento dos distúrbios. “O envolvimento com a tarefa é exatamente o começar a fazer e terminar a tarefa, onde é uma das coisas mais difíceis para esse tipo de pessoa.”
Não é difícil de identificar um superdotado. Desde cedo já se percebe que ele desenvolve habilidades como falar e ler, por exemplo, com muito mais facilidade do que as outras crianças da mesma idade. O desempenho na escola também é superior, como foi o caso do Henrique Augusto. Nessa fase da vida é que começam a se identificar os primeiros sintomas de perturbações mentais.

OS SUPERDOTADOS E O MUNDO

Em muitos casos, o superdotado costuma se isolar do mundo, e a conseqüência disso é o desenvolvimento ou agravamento de distúrbios psicológicos. Para Débora Diva, esses casos de distanciamento ocorrem por falta de acompanhamento especial. “Isso ocorre por que não foi bem trabalhado. A pessoa precisa contribuir, se ela fica só, realmente se isola. A grande dificuldade é que muitas vezes na entrada da adolescência, ou na entrada da vida adulta, essa pessoa com altas habilidades que estão se desenvolvendo cada vez mais e melhor pode ter uma quebra com a realidade, daí ela se fecha por não se aceitar.” Para ela, com um acompanhamento dos familiares e com ajuda especializada, o superdotado pode ter uma vida normal. O trabalho realizado no Programa Aprender a Pensar – PAP, por exemplo, envolve a família e uma metodologia alternativa. “Metodologia alternativa não trabalha com a questão acadêmica, mas com questões da vida diária para tomada de decisão.”
Henrique Augusto era filho de Débora Diva Alarcon Pires. Durante os 33 anos da vida do filho, ela se dedicou a adaptar suas habilidades extraordinárias ao mundo que o rodeava. Sempre o incentivou e o ajudou a desenvolver seus talentos, mas a recusa na continuidade do tratamento e a ignorância de várias pessoas que o rodeavam levou uma pessoa brilhante ao suicídio. Para que essas pessoas especiais possam dar grandes contribuições à sociedade, precisa primeiro, ser compreendidas por ela.

Por Artur Barreira Dias e Pablo Batista da Silva
Eu sou poeta de merda,
Que exagera no sentimento compartilhado,
Sou julgado pelo julgo da sociedade
Que me completa de transtornos,
Mas não serei o alvo da descriminação,
Pois fecharei todas as portas do entendimento!

Cansado de ver máscaras expostas
Sem nenhum segundo de consciência,
Procuro o incauto para não perceber
De maneira tão prodigiosa
Esses holocaustos de raças inocentes
Ou fugitivas de questões éticas e morais.
A verdade relativa do frívolo sentimentalista
Que reage nos conceitos do fim
Da sociedade imoral e vergonhosa.

Passa anos, passa séculos,
E nada sabe como ver a chance
Do seu próprio pensamento se tornar
Um arranjo de orgulho,
Hesita de todos momentos inadequados
Em relação ao soberbo.

Noites perdidas com o melhor da consciência
Num estado de transição em plena calúnia,
Querendo dizer a esplendor linguagem dos olhos,
No poetizar de disfarceis de sentimentos irreais.

Por ti designo todos ausentes,
Simpatizando solene e enfático os dias que virão.
Despertai meu sono com o eco da sua voz fajuta,
Suprindo todas minhas vontades incultas e ornamentais!

Com palavras singelas e dolorosas,
Encurtando a prosa poética
Do desbravado e honrado escritor,
Que acostumou com dias lúgubres e medíocres.

Os acontecimentos caem em precipitações!

Pablo B. da Silva

sábado, 25 de abril de 2009

O nascer de um poeta

Quando nasci, um anjo escorado nos escombros de algumas ruínas, disse: “Mais um bastardo nesse mundo medíocre”. Desnorteado pelo tempo e o vento, ia pernoitando por entre os lírios de meu subconsciente, desbravando os martírios, lastimando minha eterna lastima de viver por entre os sonhos. Sempre relatava num papel amarelado pelo tempo, os fatos correlatos que corrompiam meu singelo coração, onde gotas de sangue escorriam por entre os dedos, manchando o papel sombreado de medo e certas angústias, que desprovia a insônia, e reverenciava o viver no ócio.
Num certo dia lúgubre, desvairado por andar solenemente, afugentei-me no semblante tristonho, para vangloriar um amor hostil, que até então não tinha nexo, e não era cabível meu poetizar com tal grandeza.
Avistei pela primeira vez no meio dos espinhos das grandiosas rosas e cravos, e desde então vivo sentado em meus sonhos, poetizando entrelaçado no crepúsculo, apenas com olhos longínquos mergulhados de lagrimas e sal, ferindo assim, minha alusão pela virgem de lábios de mel.
Vou me distrair, e pestanejar por entre os ventos que modela esses teus cabelos negros. Galhardeando essas pomposas magnólias, que lhe trouxeste para cobrir teu caminhar por entre as nuvens dos meus sonhos. Imagens desorientadas, e reinventadas por mim, na insônia das noites voluptuosas. Constâncias de teus lábios molhados roçam meu ouvindo, a chamar por meu nome dilacerado pelas pausas de silêncios, e interrompido pelo mavioso sabiá, que perjura o cânticos do teu amedrontar das madrugadas frias, feito os corredores das ruas desabitadas pelo sol da sua consciência.
Prefiro a morte, a viver desvanecido pela arte da ótica obscura, que mais uma vez leva-te pela ventura das brisas das lamentações, voando entre as pétalas e borboletas, que acabam por esquecer que vieram de um casulo esmaecido de memórias tolas.
Entre os cochichos das estrelas, a lua turva conspira para o desentrelaçar dos nossos braços, exilando-me nas poesias ainda não lidas, pois elas estão mortas, feito o vertiginoso sentimento que é conspurcado pela maldição dos dias pavorosos. Meus pensamentos são soterrados no dúbio deserto vermelho, para ausentar-me do teu amor, e ser condenado a viver na demência do abismo.
Na delicada insensatez do tédio, aprendi a voar com asas de quimera para os montes belos, cobiçando o cair do teu véu, castigando-me com tua aveludada pele fajuta, inebriando meu delírio febril de vidas passadas. Pois foi a vida que me ensinou a morrer, e teu amor a mentir.
Ainda existem os fantasmas, a fraqueza, tua canção nos meus ouvidos, e o maledicente das tuas palavras. Você se aproxima pouco a pouco, com passos de uma criança, e o olhar de uma bela mulher diáfana. Esse teu sorriso aliena-me para tua direção, e provoca-me sensações ocultas nada discretas, mas você continua a cerca-se de dúvidas, vive para a exaltação da alusão de lembranças hostis.
Quando me deparo, estou mergulhado num amor criado pelos meus sonhos, aonde todas as noites tu vens pernoitando em minha consciência, tornando-me labirinto no meu próprio jardim, imaginando cenas, criando cenários, e com a perseguição do gosto amargo pelo desencontro ao temível luar.
A chuva teima, e as nuvens rejeitam o cair das tuas lágrimas, pois no aluir dos trovões furibundos, tu esmoreces ao sono e deixa-se cair nos meus braços, manchando minhas rosas azuis-turquesas, vislumbrando ao menor do toque em meus lábios vistosos, unindo-nos num só oceano, inventado e reinventando momentos perdidos ao crepúsculo.
Amo-te, para não deixar de te amar. Pois cruel como abismo é a nossa paixão.
“Foste à única mulher que me soube fazer conhecer toda a divina delícia, toda a suave tortura do verdadeiro amor. Amei-te no primeiro dia em que te vi: amei-te em silêncio, em segredo, sem esperança de te possuir e sem refletir”, amei-te tanto que de sonhos deixei-me embalar.
Por ti meu anjo, abandonaria minha vida boêmia, angariando somente teus lábios, e as noites ininterruptas que entre lençóis nos envolvia, num mero aguçar de paixão avassaladora.
Continua...

Pablo B. da Silva

Vertentes do Aborto

Quem é contra, muitas vezes condena, porém, faz; quem é a favor, muitas vezes hesita, todavia, anui. A questão do aborto no Brasil é tratada assim: com muita controvérsia e superficialidade por parte dos governantes, dos meios de comunicação e até mesmo da população que prefere não ser ludibriada. A busca pelos direitos ao aborto é uma luta que vem sendo travada há muitas décadas. De um lado, a Igreja e seus ideais conservadores pró-vida condenam a prática, e pressionam para que o aborto não seja legalizado, e que suas possibilidades não sejam viabilizadas. Do outro, mulheres incompreendidas pela lei, que lutam pela libertação de seus corpos para não serem execradas publicamente.Pela Constituição Brasileira existem dois fatos onde o aborto é de certa forma legalizada: primeiro se não existir outra forma de salvar a vida da mãe, e segundo, se a gravidez for resultado de estupro, gerando uma gravidez indesejada, quando a gestante pode optar pelo aborto. De acordo com a Constituição Federal, o aborto na maioria dos casos é considerado como um dualismo da vida, ou seja, tipificado como um crime perante a sociedade.A Organização das Nações Unidas reconhece que o aborto é um grave problema de saúde pública, nos países onde a prática é criminalizada. No Brasil, o aborto inseguro é a quarta causa de morte materna, originando também um número elevado de perfurações do útero e outras seqüelas permanentes, como infertilidade e retirada do útero. As mulheres que sofrem essas conseqüências são predominantemente pobres, negras e adolescentes. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, no ano de 2004, 31% das gestações terminou em abortos, em grande parte provocada de maneira insegura. Foram ao todo 244 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS), de mulheres precisando de curetagem por estar em processo de abortamento. Nem todos os casos chegam aos hospitais, mas é possível estimar que por ano, acontecem entre 700 mil e um milhão de interrupções voluntárias clandestinas.A Diretora do Centro Popular da Mulher, Lúcia Helena Rincón, explícita que quando as mulheres chegam aos serviços públicos de saúde com abortamento incompleto, são alvo de denúncias, punições, humilhações e abusos, portanto ao negar este acesso o Estado viola o principio de não discriminação em razão do gênero. Lúcia Helena informa que 200 mil mulheres morrem por ano no Brasil, em conseqüência de aborto mal feito, além disso, a maioria dessas mulheres está na fase da adolescência e, buscaram tais métodos por falta de orientação, e principalmente para não serem postas para fora de casa. “A prática do abortamento existe e acontece na clandestinidade. Descriminalizar esta pratica é parte de um projeto de sociedade democrática, que abre os olhos para a realidade e considera a situação de todas as mulheres: tanto as que desejam e podem manter uma gravidez, como as que necessitam recorrer à interrupção. Nenhuma cidadã é obrigada a abortar. Mas para aquelas que fazem esta opção é obrigação do Estado laico garantir políticas públicas e serviços que informem e atendam com qualidade, oferecendo aconselhamento e um amplo leque de métodos para prevenir outras gravidezes indesejadas”, declara.Estão sendo realizados vários debates polêmicos, sobre o Código Penal, e as questões da aprovação do aborto. Isso porque várias mulheres usam de serviços médicos clandestinos, sujeitando-se aos riscos dela decorrente, onde o risco de morte é maior. O projeto do aborto eugênico visa de certa forma, promover a melhoria da raça, na busca de uma etnia perfeita, evitando gestações de embriões cegos, aleijados, ou mentalmente débeis. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma liminar autorizando que mulheres grávidas de fetos anencefálicos (sem cérebro) pudessem optar pela Antecipação Terapêutica de Parto em Caso de Anencefalia. Contudo, por pressão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), essa mesma liminar foi revogada, ou seja, tornou-se irretroativo. A psicóloga, Marylia Meireles, acredita que a igreja já não exerce poder sobre a sociedade, todavia, neste caso especifico, pode ter ocorrido suborno por parte de idealistas pseudocapitalistas. De acordo com a feminista Lúcia Rincón, essa é uma guerra político-ideológica, onde cabe ao Estado oferecer condições necessárias para seu pleno exercício. Lúcia defende que o aborto seja considerado uma questão de saúde pública, uma questão de cidadania, de emancipação, e de uma perspectiva de realização individual de projeto de vida e, para isso, é necessário que o Estado garanta informação, e assistência às mulheres para se conhecerem nas diferentes etapas da vida.Em sua vinda extraordinária ao Brasil, o papa Bento XVI, concentrou a atenção da mídia, mobilizou devotos, e fortaleceu a imagem da igreja no maior país católico do mundo. Apesar disso, o apogeu do Vaticano – a condenação do aborto – não ecoou arbitrariedades entre os brasileiros. É o que sugere a pesquisa feita pelo Ibope e encomendada pelo grupo Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), uma entidade de defesa dos direitos das mulheres. Foram pesquisadas cerca de duzentas mil pessoas sobre temas relativos à sexualidade, logo após a volta do papa. A pesquisa deixou bastante claro que existe certa falta de sintonia entre Igreja e sociedade. “Quisemos conferir se a presença do Bento XVI teve influencia sobre a opinião dos católicos. Os pensamentos são bem diferentes”, diz a socióloga Dulce Xavier, coordenadora do grupo. Segundo o Ibope, 80% dos católicos concordam com o aborto no caso de risco à vida da mulher e 75% o apóiam se o feto apresentar poucas chances de sobrevivência.

Pablo B. da Silva

Âmago da Alma

Teus lábios são labirintos
De profundo sarcasmo.
Teus olhares são o amedrontar
Do medo na escuridão.
Teu riso é pleno
Manipular de solidão.
Tua ira é o aguçar
De paixão.
Tuas lastimas
É mera desilusão.
Teu amor
É o hesitar
Do desencontro ao luar.

Pablo B. da Silva

Lira Efêmera

Palavras inusitadas dilaceradas
Ao vento mofino.
Oh, melancolia preciosa
Circula em meu sangue aguado
Feito a vertiginosa
Poesia desgraçada
Que usurpa meu sono
Para ser designada
No velho livro despido
De moléstia incauta.

As lágrimas já não
Degeneram meus passos,
Nem sequer devaneia
Com a virgem rosa de mel.

Eis aqui, tuas pétalas
Que murcham ao canto mavioso
Das patativas do inferno.

Teu cantarolar entrelaçado
Nos meus lábios vistosos,
Vangloriando meu amor
Enraizado de medo e cravos.

Na suprema despedida
Meu cálice mistura-se
Ao veneno das tuas lembranças,
Envolvendo-me na nevada
Voraz e afável.

Pablo B. da Silva

“Não há negociação com a reitoria”, diz Lúcia Helena Rincón

Impasse entre reitoria e APUC coloca a mercê a qualidade de ensino, e pesquisa na UCG.
Sempre há promessas vazias da reitoria, onde não prevalece seu compromisso perante aos professores, afirma a professora doutora e Presidenta da APUC, associação dos professores da universidade católica, Lúcia Rincón, em entrevista ao VR no ultimo dia 08, no Campus V da UCG. “Não há negociação com a reitoria”, disse Lúcia, no sentido de que a atual administração peca ao menosprezar o diálogo, limitando-se ao padrão de indiferença. “Desde a nossa organização para eleição, que foi em junho, nós temos muita indisposição da reitoria conosco”, declara.
Lúcia afirma que “a atitude da universidade é muito truculenta”, portanto, a maioria das reuniões da APUC com a reitoria, ou sua comissão de negociação, é fomentada como “arrancadas”, sempre havendo certa indiferença, e uma indisposição para chegar a um consenso nas negociações.
De acordo com a presidenta, em 2007 a carga horária destinada à pesquisa teve uma radical redução, deixando obviamente claro a mediocridade existente com os professores, prevalecendo assim o postulado de hierarquia na UCG. Ouve um recuo de 1800 horas, para 600, onde a mesma deve ser contrabalançada entre aulas teóricas, e pesquisas nos diversos campos de extensão. “Isso é um limitador o outro é que se faz pesquisa sem subsídio, então as pesquisas podem prever gravadores, fitas, viagens”, declarou Lúcia, mas nada é feito para alterar esse agravante quadro de distanciamento e a dura falta de comunicação, e anuência.
A universidade tem “priorizado outras questões, expansão e algumas ações que vão ampliando o poder da igreja mais do que a qualidade da universidade”, declara, portanto existe um abandono da qualidade de ensino, buscando apenas a edificação do capital, ao invés de incentivar formas de produção de conhecimento.
Lúcia explicita que para que todos esses desacordos sejam inviabilizados, têm que existir motivação e integração dos alunos com os professores, para uma luta armada (racionalmente), em direitos e deveres perante a democratização correlata.

Pablo Batista da Silva

Lúgubre

Lanço-me aos passos na areia do mar, sentindo
A brisa me levar para o mergulho no vento
Com a clareira da vigorosa lua cheia.

Em plena dança vertiginosa
Num ritmo alucinante
A chuva indo a encontro ao chão conspurcado
E as nuvens negras aluindo em trovões furibundos.

Na culminância da montanha
Dedilho num violão mudo
O cântico mavioso
Proclamando assim, o insolente adeus.

Ao surdir as nictagináceas
Veraneio até abeira do horizonte
Para execrar minha quimera medonha
Acalentando no meu jardim de crepúsculos.

Pablo B. da Silva

Vã Sabedoria

Minhas escritas estão ensangüentadas de medo, e aflição.
Da minha boca saem vespas de escuridão
Que murcham as magnólias negras lançadas sobre meu caixão.

Debruço-me num arranjo de sabedoria
Que alucina minha melancolia,
Amargando meus lábios esbranquiçados
Na neurose da insanidade.

Meu eterno sentimento anuviado
Desnorteia-me para longe dos montes belos.
E junto ao crepúsculo
Afogo-me nos males do dúbio mar
Delirando no febril semblante
Que me ludibria
Na caminhada errante.

Pablo B. da Silva

Aspereza Social


O sistema capitalista promove a deturpada exclusão social. Na eloqüente globalização os seres inanimados ficam a mercê da miséria, misturando-se entre porcos do mefítico lixo, atrelados às condições impostas por suas classes sociais, onde nem sequer possa subverter essa demasiada imundície. Entretanto, este ensaio se limita em uma ligeira análise, a fim de subjugar a exclusão e a desigualdade social.Individualismo é um cômico inusitado. Cada vez mais distante dos primórdios do socialismo, os fixistas fomenta a exclusão social, a fim de ludibriar o sujeito com seu postulado de condição superior, habitado nos altos escalões de poderio e riqueza. A ótica da exclusão é a indigência, ou seja, os senhorios julgam e condenam o misérrimo a malfeitor, por não ter condições de participar na vida econômica e social de sua sociedade, ferindo assim os conceitos de direitos e interesses pessoais.Desigualdade é a obstinação do ciclo vicioso do capitalismo. Os liberais têm por conseqüência a ideologia de supérfluo, portanto, a maioria da população torna-se fantoches manipulados com a única destinação de edificar um mundo inerente à disparidade. Marx já dizia que a única pretensão do capitalismo, era o desejo veemente de estimular a concorrência para ter eficiência produtiva, distribuindo a riqueza numa diminuta alíquota entre os maléficos pseudocapitalistas.Carregamos nas costas o peso de uma sociedade insana, onde visam apenas o bem-estar pessoal, não condizente com os mandamentos divinos. Porém, cada um tem papel fundamental de repudiar tamanha ingenuidade, não tornar-se refém dessas situações desumanas, e travar guerras racionais contra a preconização e a degradação do emprego, para então de uma vez por todas eliminar uma dissociação do liame social.

Pablo B. da Silva

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Monopólio pseudocapitalista

O Capitalismo foi desvelado para cabrestear à sociedade. Lamentavelmente o capital chega à culminância para depravar o individualismo, usando artifícios sanguinários e mentirosos para acumulação de poderio e riqueza, manipulando a sociedade ingênua ao consumismo exagerado. Sua utopia anarquista prevalece até a mediocridade destes anos lúgubres, com pleno mérito na arte da semântica. Entretanto, a pretensão deste ensaio se limita a uma pequena análise, a fim de se compreender, ou pelo menos nortear a crucial falta de democracia e a acumulação de riqueza.
A democracia encontra-se deturpada na fenomenologia do paradigma individualista e da mesquinhez, enchendo os olhos de cobiça numa herança elitista. O Capitalismo está empenhado exaustivamente para a exclusão das classes menos favorecidas, pois estas não têm dignidade de participar ativamente do livre mercado ou do “status capitalis", fortalecendo assim suas artimanhas para elitização de um mundo fixista. A sociedade nem sequer tem opinião própria, a tal liberdade encontra-se conspurcada na culminância da maléfica globalização. Semeiam falsas promessas, promovem a exclusão das classes desfavorecida, leva-os para edificação da fome e da miséria. Ora, o poder é ter.
O capital, monopolizando arbitrariamente sua condição superior, desenvolve sofisticadas artimanhas com o fim de iludir profilacticamente toda e qualquer semente de intenção à edificação de um mundo diferente, com isso, nossa singela sociedade encontra-se nos escalões da base da pirâmide, mostrando assim a deplorável miséria, e a denominação de egoísmo social. Seu fator primordial de livre concorrência gera novos avanços tecnológicos o que provoca uma contradição de efeito imediato, ou seja, o monopólio gira nas mãos dos grandes burgueses, e são esses que vangloriam a acumulação de riqueza para uma diminuta minoria.
Assim, nessa deplorável busca de riqueza, vale indagar tamanha desigualdade que prevalece neste mundo mefítico e maléfico. Cabe a cada um escolher, após a análise de seu íntimo: ou continuar submetido a ordens proclamadas pelo grande poder, ou travar batalhas contra o capitalismo abusivo e a intransigência predominante nesse mundo de bastardos.

Pablo B. da Silva

Enseada

Submerso na hipocondria, o céu torna-se pálido na ubiqüidade nostálgica.
Meu velho livro esquecido está repleto de escritas tautológicas, que envolve no labirinto o deserto e o mar morto no dúbio ludíbrio de sátiras sedentas.
Nunca hei de requerer tua bizarra imagem!
Moribundo, já não admito tuas magnólias roubadas, para singelamente resguardar minha sepultura.
Para que dilacerar tuas lágrimas no tributo do meu nome¿
Regressei-me dos mundos dos mortos para pernoitar em teus sonhos longínquos, reacendendo no timbre a melodia do vento taciturno.
Sobe no meu peito repugnante a ânsia do crepúsculo, por saber que a noite vem surgindo e, com ela chega o martírio e as lágrimas das estrelas, por recitar minha caminhada sem norte na vastidão do cemitério.
Mandrágoras são jogadas pelos meus caminhos, para que nunca mais o crepúsculo possa renascer ou sequer brotar no vale dos lírios esquecidos.
Não obstante, minha flor subverteu dos espinhos e, com tua voz rouquenha, gritou o súbito de misericórdia eternizando neste poema e estandarte do amor.

Pablo B. da Silva

Murmúrios

Meu olhar subverteu em teus seios psicodélicos em pleno paradigma da andança nos espinhais.
Minha virgem ninfeta revigora nas páginas do meu livro de morte, e fora neste livro que nortearam teus passos na trilha molhada, respirando o ardor frio, velando teus lábios pálidos e estremece dores.
Eu, com minha barba crescida, ouço murmúrios de uma canção no escuro. Meus pensamentos sentaram-se abeira do fogo e perscrutou a escuridão.
Devagar e deliberadamente, enxergo um céu vazio.
O crepúsculo representa meu subconsciente, e já no meu mundo desvelo as flores frondosas, amargando a voz com a ventura do oceano exilado.
Através de tua íris nasce a procela da ternura e do aconchego, mas eis aqui o misérimo cego, que na veleidade segue desnorteado no teu veleiro nostálgico. Adeus você, que sustenta a saudade eloqüente, pois preciso entranhar na agnosia do leito mortuário.
Minha lembrança de morrer chega à culminância da concórdia deturpada.
Minha inquietude trava guerra de escombros, arruína os lírios, assombra o medo efêmero.
Meu postulado é arraigado no tédio, nem sequer posso sonhar o ávido crepúsculo.
Minha realeza é fugaz, e transcende nas múltiplas faces do meu hipocondríaco amor.
Assim, desvelo o velado no cemitério das magnólias, abduzindo a vigorosa lua para conspurcar meu mausoléu.

Pablo B. da Silva

Amargura nostálgica

Carrego em meus ombros uma cultura morta, onde seus corpos estão em decomposição.
O velado foi desvelado, para mera alienação.
Mulheres nuas estão expostas nas prateleiras da insignificância, gozando de sua agnosia.
Minha falsa consciência repudia tamanha ingenuidade desses seres mefíticos.
Contaminam o crepúsculo com seus dialetos supérfluos, persuadindo o pobre de sonhos para a morte mesquinha e ininterrupta, crucificando meu subconsciente por está actual na holística absoleta.
Na proeza imensurável, poetizo o escárnio para isentar-me das penas do inferno, onde este mundo está condenado aos valdevinos estupendos.
Manipulam a apologia arraigada na demência social, em que minhas pálpebras entram em colapso por assistir toda essa carnificina, organizada pela necrofilia televisiva.
Os portões do inferno absorvem os malditos malfeitores fanáticos que fomentam a edificação da sociedade insana canibalesca.
O fim está próximo, bem vindo ao flagelo!
Resta-nos resguardar o manifesto do mavioso crepúsculo.

Pablo B. da Silva

Martírio

Escuridão de vastidões espinhosas
Que ferem e corrompem meu coração mefítico.
Torna-se sangue aguado, percorrendo as veias
De um corpo em decomposição.
Meus sonhos estão mortos
Pela angustia de dias lúgubres, massacradas pela
Vivencia em sociedade maléfica.
Perturba-me malditas idéias fixas, levando-me
Ao insone mundo de crepúsculos enegrecidos
Pela insolência dos eclipses, delirando-me
Meu intimo subconsciente.

Pablo B. da Silva