quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pestanejar

Aqui, nessa praia deserta,
Fico te observando à distância.
Com o súbito grito abafado,
E o silêncio perdurado no fajuto tempo.

A afetuosidade de seus vistosos cabelos
Flutuam no lastimoso vento,
E seu perfume mistura-se com a brisa,
Fazendo com que minhas estrelas
Pairam sobre o mar de ilusões.

As pétalas dos lírios
São levadas para o turvo
Luar eqüidistante,
E o cheiro do seu corpo
Impregna nos meus lábios,
Levando-me a insônia
De um poeta compulsivo.

Sentado nesse dúbio deserto vermelho
Fico a espreitar seu sorriso de perto,
Sentir seu olhar me despir de inverdades,
Acelerando o meu fraco coração,
Após debruçar-me em suas cálidas mãos
Que acaricia os pêlos do meu rosto senil,
Levando-a ao arrepio
Ocasionado por um punhado de espinhos
Que estão prontos para defender seu fiel dono.

Recua-se passos para trás,
E em breves minutos
Tornam-se uma acelerada corrida
Sobre a rua desnudada e solitária.

Assim, você segue fugindo
Com a cabeça sempre erguida.
Sem almejar um olhar para trás
Distancia do meu moroso abraço,
E das minhas gentis poesias.

Pablo Silva

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Afago

A palavra destrói o amor,
E o minuto que antecede o beijo,
Coloca nossos lábios num abismo
Sem fim...

Nossos lábios tornam-se esbranquiçados
Pelo efeito da secura do beijo
Que não aconteceu.

A chuva molha nossos semblantes
Misturando-se às lágrimas da saudade,
E da mágoa que nos persegue
Pelo martírio moroso.

A vigorosa lua é o nosso horizonte,
E o crepúsculo é o nosso amor
Que não pode acontecer
Pela audácia de um espinho
Que insiste em nos ferir.

Pablo Silva