quinta-feira, 31 de março de 2011

Presciência

As nuvens esbravejam
Meu nome,
Desenham meu sorriso,
E prevê meu olhar.

O vento leva-me
No recanto do solicito
Para procurar na melodia,
O silêncio...

Escondeste em meu corpo
Toda a angústia
De sua lúgubre alma,
E todas as incertezas das verdades.

Amarra-te no meu pensamento
Para se aquecer
No seu inverno infeliz,
E para enxugar as lágrimas vorazes
De perseguições.

Por onde andas,
Castiga-me com a dor
Da solidão
De seus abraços ausentes.

Por tudo isso
Peço-vos que deixais brotar
Meus versos lindos
Em tua boca pálida,
Para que a felicidade
Não seja jogada no fogo do mármore.

Pablo Silva

quinta-feira, 24 de março de 2011

O começo é um fim...

Amor. Sempre quis dizer isso a alguém, ou melhor, sempre quis presentear uma pessoa que há tempos me acompanha nesse ritmo frenético e esquizofrênico da minha vida. Por vários motivos sempre resguardei esse precoce sentimento, mas fiz questão de escrever maviosas poesias nas pétalas das magnólias imêmores. Delineava nossos raros encontros casuais ao crepúsculo, para que ao anoitecer eu pudesse te ter em meus braços, e no decorrer da deleitosa madrugada eu pudesse escrever nosso futuro de filhos e rosas num papel sombreado de esperança.
Quando a vi pela primeira vez, emaranhada na multidão de calouros de um curso ideológico, percebi que minha razão de viver estaria conjecturada nas suas dúbias escolhas e desejos proibidos. Fiz das minhas breves noites, um acalento no luar, e das minhas poesias um desabafo platônico, já que nesse mundo real eu não poderia de ter em meus lençóis desbotados. Paguei o preço necessário para viver contigo em meus devaneios, pois seu destino infelizmente já estava escrito pelas mãos de outro homem.
Eu não sabia o porquê estava ali, mas é extasiante poder estar ao seu lado e ver de tão perto sua afetuosa pele, seu sorriso tímido, e seus lábios vistosos. Sempre estive ao seu lado, mas agora, está tudo diferente, sinto seus olhos compenetrados e pestanejados aos meus. Sinto seu sorriso tocar no límpido céu de espuma, e que paira em direção aos meus abraços, que estarão sempre prontos para te receber.
Só tu soubeste me dar à divina delícia. Os lírios campestres amontoados harmoniosamente num arranjo em seus afetuosos cabelos de princesa, faz-me empalidecer meu semblante sisudo, esmorecer meu vistoso sorriso juvenil, e entregar-me em beijos irreais na turva lua cheia. A chuva passou por aqui, pestanejando a fragilidade dos meus pensamentos, e com a brisa foi-se embora as imagens ludibriadas no meu eterno sonho.
Continua...

Pablo Silva