domingo, 22 de maio de 2011

Alvas Rosas

Lábios enroscados
Num beijo sem fenecimento.
Olhares incautos afrontando o medo
Para pernoitar no infinito
De um dúbio orvalho vermelho.

Pairo sob o leito das magnólias
Para chegar ao acalento do teu sorriso
De papel damasco,
Delineado na aurora da minha pobre vida
Os teus mistérios de ninfeta ociosa.

O cardíaco coração que abriga no meu peito
Foi destinado ao seu desvairado corpo,
Unindo-nos na ventura do oceano exilado,
No acalento da esmaecida rosa
Do jardim inabitado.

O turvo horizonte de um olhar pardacento
Inebria o crepúsculo desvanecido   
Pelo desejo sem fim de estarmos
Junto nas estrelas,
E nos lençóis
Que nos envolvem de suor e amor.

Assim, a sua rosa de cravos e espinhos
Foi designada a minha vastidão
De pétalas,
Que sobram nos ares de mera ilusão
A caminho da morte
Para ambicionar o sublime.

Pablo Silva