quinta-feira, 25 de junho de 2009

Hipocondria efêmera

Quando as pessoas morrem
Elas renascem em forma de brisa
Que perpetua num lago solitário
À beira de uma estrada eqüidistante.

Quando morro, pernoito nas montanhas
Para ter o amor do horizonte, em plena
Freqüência com as flores de ipê e os
Primeiros raios solares, que reacendem
Os fracos batimentos de um coração
Dilacerado pela monotonia.

Aflora dentro da minha ânsia,
A nostálgica magnitude de um amor
Separado por dois rios adormecidos.

Ao acordar no meio da noite
Deparo-me com vultos
Do teu semblante risonho,
E os botões das romãzeiras se abrem
Em meio ao luar
Contemplando o acaso de uma paixão delirante.

Teu perfume em meu travesseiro
Trás a insônia irrelevante,
E faz-me lembrar que não posso
Ter-te em meus braços desabitados,
E isso desperta o demasiado prato inverossímil.

Morrerei com o gosto amargo das mandrágoras,
Pois essa vida boêmia leva-me ao calvário
Desprovido de felicidade.

Pablo B. da Silva

domingo, 14 de junho de 2009

Amei-te

Quando te vejo, o tempo vira estátua,
O crepúsculo estica tua visita nesse mundo medíocre.
As estrelas renascem com seu brilho ofuscante.
A lua avermelhada resplandece
No seu olhar pacato, em direção ao límpido céu.

Amei-te na profunda dor melancólica
Amei-te em segredo com a lua
De encontrar-te somente em sonhos,
No delírio das noites febris.

Esmorecido pelas murchas flores
Pernoito nos lírios dos campos
Para trazer-te um punhado de alvas rosas.

Meus olhos anseiam-te
Feito às estrelas
Cobiçando o apagar dos clarões dos círios.

Amo-te em todas as poesias utópicas.
Amo-te nos dúbios martírios
Nas deleitas incansáveis
Nos delírios de lençóis amarrotados
Pela impaciência de dias comuns.

Pablo B. da Silva

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Precariedades no 8º Distrito Policial

João Paulo, 18 anos curtia uma festa Raive sem nenhuma desconfiança do acaso. Estava a caráter da festa, com óculos escuros, máquina fotográfica digital e mochila de hidratação, todavia uma hidratação nada saudável. Em uma revista rotineira dos seguranças, João Paulo foi surpreendido pela esquadrinha de um segurança hostil. A revista foi concluída com o despreparo emocional, seguida de agressões verbais e físicas.
O folião sentiu de perto o ápice do medo, e a amnésia instantânea causada pelos socos e pontapés, dados por um segurança que não conteve sua raiva. Logo após a perda de memória instantânea, notava que estava amarrado em uma maca toda suja de sangue num ambulatório móvel fornecidos pelos organizadores da festa. Ele não conseguia entender por que estava atrelado feito um ladrão, pois nada tinha feito para merecer aquelas agressões. Quando voltou seu estado normal de consciência, notou-se que todos seus pertences tinham sido roubados juntamente com sua mochila, restava, portanto somente à roupa do corpo, e o gosto amargo de sangue em sua boca inchada.
Após todo o esclarecimento aos enfermeiros locais, o folião procurou uma guarita local para tomar as devidas providências das agressões, porém suas súplicas de desespero não foram ouvidas, e mais uma vez tornou-se claro as imprudências e desrespeitos causados por autoridades.
Depois de passar horas sentando num banco nada confortável da delegacia do setor Pedro Ludovico, João Paulo escuta a frustrante informação que deve aguardar a presença do delegado plantonista do 8º Distrito Policial (DP). Porém, as horas passam vagarosamente, e sua insistência teima em ir até o fim desse processo burocrático. Precisamente passa quatro horas de espera, e nada do tão aguardado delegado plantonista chegar ao local da ocorrência, e a única recepção que o detém é de um senhor humilde, com olhos mareados, e que transmitem a todos a mesma ausência de uma autoridade no local.
O caso acima não é isolado. Muitas pessoas que procuram os órgãos públicos são recebidas com desprezo e despreparo profissional, sujeitando-se a longas horas de espera, e inaptidão de respeitar os direitos perante a constitucionalidade. Torna-se rotineiro as ondas de terror, onde pessoas são subordinadas as agressões seguidas de preconceitos raciais. Tiago Alves de Amorim, morador do setor Pedro Ludovico, informa que “isso é normal se tratando de pessoas de pele negra, ou parda”. Tiago já sofreu os mesmo tipos de espancamento durante uma simples revista policial, porém nada fez para mudar essa triste estatística, pois as ameaças o amedrontam.
O Delegado da 8º DP Everaldo Vogado da Silva informa que há deficiência na policia civil e militar, pois “o órgão de segurança não é perfeita, mas o que a polícia tem procurado fazer é atender a população na medida do possível” declara. Apesar dos grandes números de homicídios e furtos na região, a frota de policiamento torna-se pequena em relação à grande demanda de ligações que a delegacia recebe, e a demora dos atendimentos é inevitável.
Além de toda defasagem de policiamento, instalações precárias e sem nenhuma segurança, o 8º DP já sofreu a segunda fuga de prisioneiros em menos de seis meses, e ainda é submetido a abrigar presos de alta periculosidade, sem qualquer condição de segurança, e de estrutura adequada. Indagado sobre as péssimas circunstâncias em que os presos se encontram, o delegado afirma que “o distrito policial consegue sim, abastecer toda a demanda de crimes na região, o que aconteceu na fuga dos prisioneiros foi mera coincidência, os bandidos aproveitaram uma falha instantânea para fugir do recinto”.
O Delegado Vogado aponta que os principais crimes da redondeza são praticados por menores, na faixa etária de 14 a 21 anos, onde a falta de educação contribui veemente para o crime popular, o famoso furto (furto de pequenos objetos, ou furto em residências), ora para alimentá-los, ora para se drogarem. O delegado afirma que “uns dos principais fatores que levam esses menores a praticarem crimes são a falta de assistência e orientação social, onde acabam por recorrer ao ganho de dinheiro fácil, entrando cada vez mais no mundo da criminalidade”.
Mesmo com toda a demora possível, o folião João Paulo pretende seguir até o fim, e denunciar a agressão que sofreu, pois acredita que não pode deixar a violência correr a solta nesse país caracterizado como democrático. Ele se diz acreditar na justiça brasileira, “mesmo às cegas irei encontrar a luz no final do túnel”.

Por Pablo Batista da Silva