sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Insanidade

Há tempos me perdi!
Não consigo encontrar-me
Na chuva deliquente que caí lá fora,
Nem no improvável
Mar ostentoso que corrobora.

Vôo entre pétalas de um velho lírio
Conjuturado de páginas
De meu livro não lido.

Submerso nas minhas
Lágrimas conspurcadas,
Permaneço na sarjeta do crepúsculo,
Esperando o brilho eterno
De um alvedrio duradouro.

Nas entranhas
Da minha imémore alma,
Deturpo a soberania popular
Acorrentada pelos deslumbrados.

Espelhos e imagens
São a contradição
De uma realidade desfigurada,
Aluindo a cobiça
E a agiotagem de pseudocapitalistas.

Perdido nos pensamentos levianos,
Desvelo a agnosia
Dos elitistas blasfemadores,
Que almeja somente os desníveis sociais.

Deixe-me fingir
Na hora rir,
Das benevolências irreais
Dos seres humanos
Desleais.

Pablo Silva

Devaneio Arraigado

Quando a vejo
Veraneio na ventura
Para buscar na dor o amor.

Quando a tenho,
Meus vistosos lábios
Prevêem agradáveis
Poesias utópicas.

Em devaneios,
Deliro na petulância
De um sentimento de outono.

É bela como a lua fulgurante,
Que entre brisas e pétalas
Voam também as patativas
Anunciando o cortejo do anjo d’álvorada.

A morte já não é o
Caminho para o sublime.
Pois quando a tenho
Em meus braços,
Morrerei sorrindo
No jardim desvairado.

Pablo Silva

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dúbia Aflição

O esdrúxulo vertiginoso contamina
Meu límpido céu de nojo.
Os ruídos de cordas elétricas
Ecoam pelos corredores escuros,
Abafando o grito rouquenho de silêncio perduro.

A melancolia esbravejada caminha
Lado a lado com o tédio e o medo.
As dúvidas em dimensões
Causam os sobressaltos
Que perjuram as ruas despidas.

O céu cinzento abarca os semblantes
Trajados pela constância de calúnias,
E encenações num palco sem platéia.

Ao criticar-me destemidamente
Tornarei um espírito vagante
A procura da etnia simplória,
Para fazer dela minha morada infinda.

Quem mo dera poder peregrinar
Por entre as magnólias imémores,
Madrugar nos martírios voluptuosos,
Poder afugentar-me
Na fantasmagórica imagem
Da ninfeta perfeita.

Entre sinos, acordar.
Entre lençóis, amarrotar-me-ei.

Já não sinto o amargo da nostalgia
Em minha boca.
O néctar dos lírios leva-me a contemplação
Do mundo das borboletas,
Vigorando a lua em uma noite
Residida por estrelas.

Pablo Silva