segunda-feira, 20 de junho de 2011

Doce Solidão

Submerso num copo de cólera,
Espreito seu sorriso longínquo
Para livrar-me do martírio que me delineia
Na areia dessa praia deserta.

Lanço-me nas ondas inconstantes
Dos seus afetuosos cabelos,
Para sentir o mavioso
De suas eternas carícias,
Para sentir o acalento dos seus braços
Que me cerceia num beijo
Sem interrupções do acaso.

A desobediência dos nossos vistosos lábios
Leva-nos na inocência de um amor imaturo
Que perdura no compassivo tempo,
E nos transborda
De transtornos e mágoas efêmeras.

Persisto nesta trilha solitária,
Almejando o crepúsculo ilustrado
Nos nossos devaneios,
Para despontar o ensejo
De um amor febril e duradouro.

Quem é essa que desponta
Na brisa da vigorosa lua cheia?
Tornando-se furtiva, por defraudar
Os delírios de um estarrecido poeta,
Que anseia somente as ávidas
Rosas de um arranjo murcho.

O sorriso foi abandonado,
O turvo luar foi deslembrado,
O olhar ficou no vácuo,
E as estrelas foram enegrecidas
Para desorientar o destino ainda não escrito.

Nunca irei ter o seu alento!
E o que me resta
Neste instante imêmore
São as suas imagens retorcidas
Que me persegue por entre os estreitos nebulosos
De uma noite residida
Por um punhado de magnólias desbotadas
Lançadas sobre a decomposição
Das minhas ínfimas poesias deleitosas.

Pablo Silva

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