terça-feira, 1 de novembro de 2011

Além do meu jardim

Para deleitar-me
Do seu perfume que esvai
Pelos meus vistosos lábios,
Tenho que contentar-me
Com a sua inconstante sombra
Que me impede de morrer sorrindo.

Quando eu temo perder a minha lucidez,
Você traz um punhado
De ingratidão permuta,
Ludibriando os meus versos
E as minhas liras,
Afogando-me indubitavelmente
No mar de rosas murchas.

Sinto-me como se tivesse
Desamparado pela ausência
Do mavioso crepúsculo,
E a dor no peito emadurece
A solidão de um desvairado poeta de araque.

É na invisibilidade do seu sorriso
Que permeio as minhas lastimas,
Por não te ter entrelaçada
Nas minhas afetuosas poesias,
Suplantando as estrelas que suplica que os dias
Não amanhecem em rios de lágrimas e sal.

Nem os círios, muito menos os lírios
Conseguiram acalorar
A chama viva de luz
Que habitava nesse cardíaco coração juvenil.

Tão somente o afetuoso sorriso
Conseguirá livrar meu corpo
Do mundo esmaecido de memórias tolas,
Pois contemporizo em acreditar
Que existe paz atrás do seu ávido olhar.

Se me amar por completo,
Ainda que haja veemência e ardor,
Estaremos infindamente unidos
E umedecidos pelo nosso prazer
Arraigado no desvairo sublime.

Pois que a cada lágrima
Derramada semblante a fora,
Possa nascer uma linda e afetuosa flor de outono,
Chamada esperança...

Por Pablo Silva

Um comentário:

Suelen disse...

Parabéns pela linda poesia...