sexta-feira, 1 de abril de 2011

Adeus, murchas flores

As rosas do meu jardim
Murcharam por não ter
A vigorosa lua em seu leito.

O vento levou as pétalas
Para o dúbio deserto vermelho,
E contigo levou também
Meus serenos anos.

Fios grisalhos espalhados
Pelo meu semblante,
Lembra-me dos anos desvairados
A espreitar o crepúsculo longínquo
Para brotar lindas poesias
No diário esquecido.

Lábios desencontrados nas estrelas
Esbravejavam os últimos minutos
De um encanecido poeta delirante.

Se eu ao menos morresse amanhã,
Teria em minhas mãos calejadas
A ternura de seus lábios
Entrelaçados no meu estéril devaneio.

Se eu morresse amanhã,
Teria meu cândido amor
Entornada sobre as murchas pétalas avermelhadas
Num lençol arraigado de triste mocidade.

Pablo Silva

Um comentário:

Joel Vieira disse...

Gosto de sua escrita Pablo Silva.
Abraço e bom final de semana.