sexta-feira, 24 de abril de 2009

Murmúrios

Meu olhar subverteu em teus seios psicodélicos em pleno paradigma da andança nos espinhais.
Minha virgem ninfeta revigora nas páginas do meu livro de morte, e fora neste livro que nortearam teus passos na trilha molhada, respirando o ardor frio, velando teus lábios pálidos e estremece dores.
Eu, com minha barba crescida, ouço murmúrios de uma canção no escuro. Meus pensamentos sentaram-se abeira do fogo e perscrutou a escuridão.
Devagar e deliberadamente, enxergo um céu vazio.
O crepúsculo representa meu subconsciente, e já no meu mundo desvelo as flores frondosas, amargando a voz com a ventura do oceano exilado.
Através de tua íris nasce a procela da ternura e do aconchego, mas eis aqui o misérimo cego, que na veleidade segue desnorteado no teu veleiro nostálgico. Adeus você, que sustenta a saudade eloqüente, pois preciso entranhar na agnosia do leito mortuário.
Minha lembrança de morrer chega à culminância da concórdia deturpada.
Minha inquietude trava guerra de escombros, arruína os lírios, assombra o medo efêmero.
Meu postulado é arraigado no tédio, nem sequer posso sonhar o ávido crepúsculo.
Minha realeza é fugaz, e transcende nas múltiplas faces do meu hipocondríaco amor.
Assim, desvelo o velado no cemitério das magnólias, abduzindo a vigorosa lua para conspurcar meu mausoléu.

Pablo B. da Silva

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo!