sábado, 25 de abril de 2009

O nascer de um poeta

Quando nasci, um anjo escorado nos escombros de algumas ruínas, disse: “Mais um bastardo nesse mundo medíocre”. Desnorteado pelo tempo e o vento, ia pernoitando por entre os lírios de meu subconsciente, desbravando os martírios, lastimando minha eterna lastima de viver por entre os sonhos. Sempre relatava num papel amarelado pelo tempo, os fatos correlatos que corrompiam meu singelo coração, onde gotas de sangue escorriam por entre os dedos, manchando o papel sombreado de medo e certas angústias, que desprovia a insônia, e reverenciava o viver no ócio.
Num certo dia lúgubre, desvairado por andar solenemente, afugentei-me no semblante tristonho, para vangloriar um amor hostil, que até então não tinha nexo, e não era cabível meu poetizar com tal grandeza.
Avistei pela primeira vez no meio dos espinhos das grandiosas rosas e cravos, e desde então vivo sentado em meus sonhos, poetizando entrelaçado no crepúsculo, apenas com olhos longínquos mergulhados de lagrimas e sal, ferindo assim, minha alusão pela virgem de lábios de mel.
Vou me distrair, e pestanejar por entre os ventos que modela esses teus cabelos negros. Galhardeando essas pomposas magnólias, que lhe trouxeste para cobrir teu caminhar por entre as nuvens dos meus sonhos. Imagens desorientadas, e reinventadas por mim, na insônia das noites voluptuosas. Constâncias de teus lábios molhados roçam meu ouvindo, a chamar por meu nome dilacerado pelas pausas de silêncios, e interrompido pelo mavioso sabiá, que perjura o cânticos do teu amedrontar das madrugadas frias, feito os corredores das ruas desabitadas pelo sol da sua consciência.
Prefiro a morte, a viver desvanecido pela arte da ótica obscura, que mais uma vez leva-te pela ventura das brisas das lamentações, voando entre as pétalas e borboletas, que acabam por esquecer que vieram de um casulo esmaecido de memórias tolas.
Entre os cochichos das estrelas, a lua turva conspira para o desentrelaçar dos nossos braços, exilando-me nas poesias ainda não lidas, pois elas estão mortas, feito o vertiginoso sentimento que é conspurcado pela maldição dos dias pavorosos. Meus pensamentos são soterrados no dúbio deserto vermelho, para ausentar-me do teu amor, e ser condenado a viver na demência do abismo.
Na delicada insensatez do tédio, aprendi a voar com asas de quimera para os montes belos, cobiçando o cair do teu véu, castigando-me com tua aveludada pele fajuta, inebriando meu delírio febril de vidas passadas. Pois foi a vida que me ensinou a morrer, e teu amor a mentir.
Ainda existem os fantasmas, a fraqueza, tua canção nos meus ouvidos, e o maledicente das tuas palavras. Você se aproxima pouco a pouco, com passos de uma criança, e o olhar de uma bela mulher diáfana. Esse teu sorriso aliena-me para tua direção, e provoca-me sensações ocultas nada discretas, mas você continua a cerca-se de dúvidas, vive para a exaltação da alusão de lembranças hostis.
Quando me deparo, estou mergulhado num amor criado pelos meus sonhos, aonde todas as noites tu vens pernoitando em minha consciência, tornando-me labirinto no meu próprio jardim, imaginando cenas, criando cenários, e com a perseguição do gosto amargo pelo desencontro ao temível luar.
A chuva teima, e as nuvens rejeitam o cair das tuas lágrimas, pois no aluir dos trovões furibundos, tu esmoreces ao sono e deixa-se cair nos meus braços, manchando minhas rosas azuis-turquesas, vislumbrando ao menor do toque em meus lábios vistosos, unindo-nos num só oceano, inventado e reinventando momentos perdidos ao crepúsculo.
Amo-te, para não deixar de te amar. Pois cruel como abismo é a nossa paixão.
“Foste à única mulher que me soube fazer conhecer toda a divina delícia, toda a suave tortura do verdadeiro amor. Amei-te no primeiro dia em que te vi: amei-te em silêncio, em segredo, sem esperança de te possuir e sem refletir”, amei-te tanto que de sonhos deixei-me embalar.
Por ti meu anjo, abandonaria minha vida boêmia, angariando somente teus lábios, e as noites ininterruptas que entre lençóis nos envolvia, num mero aguçar de paixão avassaladora.
Continua...

Pablo B. da Silva

2 comentários:

Anônimo disse...

Para quê?



Se a morte é certa,

para que esperar?

Atingir o topo

...e despencar?



Construir castelos,

e outros intentos

...um pé-de-chinelo

...um agourento?



É soprar o vento.

É querer demais.

Sofrer à toa

...e nada mais.



Se a morte é certa,

por que esperar?

Curto é o sonho.

Para que sonhar?!!

Anônimo disse...

O Pablo tem um dom previlegiado. Todas as palavras que escreve, em cada linha, em cada paragrafo, deixa suas afliçoes, angustias, dentre outras...
No meio destas ele tb transmite suas alegrias e expressa o amor e o carinho pelas pessoas que ele gosta.
Esse menino é espetacular...